terça-feira, 18 de janeiro de 2011

MONTY PYTHON


O clássico humor britânico, non-sense e satírico

[Cultura e Entretenimento]

Em recordações memoráveis, quando as madrugadas televisivas não eram possuídas pelos pastores e sua orla de demônios. Podíamos passar as horas noturnas assistindo uma infinidade de “coisas” curiosas que geralmente não passavam a luz do sol. E apesar de nunca ter bebido o sangue de ninguém, eu sempre tive hábitos noturnos para a aflição de minha mãe. Como o sono sempre era uma possibilidade distante; lembrando que essa narrativa é retrato de uns 18 anos atrás, não havia ao meu alcance a ociosidade do computador e nem o vício do vídeo-game; restava-me então a TV. Eu passava as horas turvas da noite “zapiando” entre um canal e outro, procurando alguns filmes bizarros e cenas de patifaria (leia-se SEXO). Sim, pois mesmo no começo dos anos 90 ter uma mulher nua sem ter que pagar ou jogar uma cantada não era nada fácil. Nada comparado a hoje onde a molecada só falta engravidar o monitor.


RETRÔ NAS MADRUGADAS


Enfim, foi em uma dessas noites que conheci um filme que soou na época com o título muito estranho aos meus ouvidos: “Monty Python - Em Busca do Cálice Sagrado (título original: Monty Python and the Holy Grail)”. O título era muito bizarro, não tinha ligação com nenhuma coisa que eu pudesse imaginar. Pensei: “Quem ou o que é essa porra Monty Python?”. A curiosidade que matou o gato, fez com que eu abraçasse o bule de café e deixasse para o dia seguinte a idéia que logo de manhã eu teria uma prova terrível de Matemática com o Hitler da aritmética, professor João Campos. (Hoje uma pessoa muito estimada, mas os amigos de longa data entenderam a comicidade do que estou dizendo... “risadas”). A qualquer custo, inclusive uma nota baixa, que não era nada difícil, eu queria saber sobre o que se tratava Monty Python - Em Busca do Cálice Sagrado.

Monty Python - Em Busca do Cálice Sagrado
Ao assistir descobri que se tratava da sátira mais cômica, bizarra “non-sense” e incomum que eu já havia visto. O filme em si satiriza a história do rei Arthur e seus Cavaleiros da Távola Redonda. Repleto de personagens e diálogos extremamente absurdos, sem deixar de lado em alguns casos uma crítica satírica repleta de humor negro, Monty Python foi a coisa mais incrível e absurda que assisti na época (e ainda continua sendo). Ainda me lembro de algumas cenas clássicas do filme como enigma da ponte, o encontro com os cavaleiros que dizem Ní, a luta contra o cavaleiro negro e os diálogos sobre as andorinhas.

Monty Python - A Vida de Brian
Porém, foi com o surgimento do vídeo-cassete que a coisa melhorou. Meu irmão havia comprado um vídeo de duas cabeças, ou seja, reproduz e rebobina a fita VHS. Nós fizemos uma ficha na maior vídeo-locadora da cidade, a lendária Video Arte Club do Brasil. Foi uma festa, ganhei uma carteirinha e uma bolsa para carregar as fitas. Só não imaginava que iria encontrar outro filme com o título Python. Desta vez “Monty Python – A Vida de Brian”. Sensacional! O filme conta a história de um homem (O próprio Brian) que nasceu ao lado da manjedoura de Jesus Cristo, e por esse motivo passa a vida inteira sendo confundido com o próprio. Para os “mais sensíveis” o filme foi considerado ofensivo e blasfemo. No entanto “A Vida de Brian” satiriza todo o folclore, fanatismo e ignorância contida entre o duelo de crenças e culturas em “nome de um único deus verdadeiro”.


MONTY PYTHON: A ORIGEM


O Monty Python é formado pelos ingleses John Cleese, Terry Jones, Graham Chapman, Michael Palin, Eric Idle e o único americano Terry Gillian, cartunista que trabalhava na Revista Mad. Infelizmente o grupo terminou em 1989 com a morte prematura do ator Graham Chapman, aos 48 anos de idade. O comediante faleceu por causa de um câncer que lhe tomou a garganta e parte da coluna. Depois desta perda irreparável, cada um dos integrantes seguiu o seu percurso individual.

Esquerda para direita: John Cleese,Graham Chapman,Terry Jones,Eric Idle. Frente: Michael Palin
 Vale citar aqui, dois nomes importantes que seguiram vida após Monty Python. O primeiro deles é Terry Gillian que optou pela carreira de diretor. Lembrando o artigo que publiquei neste blog sobre o filme "O Mundo Imaginário do Dr Parnassus (2009)” (leia AQUI). Gilliam é pai de alguns clássicos do cinema como "Brazil - O Filme (1985)", "O Pescador de Ilusões (1991)", "Os 12 Macacos (1995)" e o trabalho mais pop de sua filmografia "Os Irmãos Grimm (2005)".  O segundo que continua ativa é o comediante John Cleese que atualmente é bem lembrando devido ao personagem o fantasma Nick-Quase-Sem-Cabeça do filme “Harry Potter e a pedra filosofal (2001)” e “Harry Potter e a câmara secreta (2002)".

 O grupo começou com pequenos roteiros para “sketchs” de teatro (pequenas cenas de humor) e logo a emissora BBC, vendo a genialidade da coisa, resolveu dar vida aquela a obra financiando o surgimento de um programa. Assim nasceu “Monty Python's Flying Circus” série humorística que contou com 4 temporadas entre 1969 a 1974. O nome Monty Python foi escolhido porque eles o consideraram engraçado. No documentário Live at Aspen, de 1998, o grupo revelou como o nome foi escolhido. Monty veio em tributo a Lord Montgomery, um lendário general britânico da II Guerra Mundial. Python surgiu, pois eles decidiram ter uma palavra que também soasse evasiva, e essa pareceu perfeita.

O sucesso do Monty Python teve um fator único em seu período: inovação. Os sketchs do grupo eram compostos por um novo estilo de texto e representação, absurdamente anárquico e pautado pelo completo surrealismo das cenas conhecido como Non-sense ("sem sentido", em inglês). A expressão é utilizada para classificar um estilo característico de humor perturbado e sem sentido, que pode aparecer em diversas artes. O grupo foi um dos propulsores dessa nova forma de expressão para o humor, mas também podemos encontrar essa expressão nas artes literárias. Como nos trabalhos do escritor Lewis Caroll  autor de "Alice no País das Maravilhas" e também do escritor Edward Lear.

O Monty Python contou com algumas participações especiais em sua longa vida. Celebridades como Steve Martin, Douglas Adams (autor da série O Guia do Mochileiro das Galáxias), Rowan Atkinson (ator que interpreta Mr. Bean) e os ex-beatles Ringo Starr e George Harrison. Sua influência na comédia chegou a ser comparada ao impacto causado na música pelos Beatles. E não é para menos, o grupo influenciou o surgimento de programas como South Park, Adult Swim e TV Pirata apresentada pela rede globo nos anos 80.


AS CENAS CLÁSSICAS DE MONTY PYTHON
Sketch e trechos clássicos de filmes


Esta semana assisti o engraçadíssimo “Monty Python – O Sentido da Vida”. Rindo da comicidade de algumas sátiras do filme, resolvi escrever esse artigo e postar algumas cenas (pois há várias no youtube) que considero clássicas. Vamos lá


A Vida de Brian
(Terry Jones, 1979)


Sem dúvida um clássico! Quer conhecer Monty Python? Siga essa ordem de filmes que estou postando trechos. Começando com  a “A vida de Brian” e a clássica cena do apedrejamento. Uma sátira as práticas e aos mandamentos “divinos”. Escolhi dublado, pois justamente assim conheci. Apesar de atualmente preferir filmes legendados, devemos considerar que o Brasil é o país que tem um alto nível nas qualidades nas dublagens. Cito como referencia “Os Simpsons”, atualmente “Todo Mundo Odeia o Cris” e o clássico “De Volta para o Futuro”. Além de ótimos dubladores, contamos com grandes atores.

Mas vamos a cena do Apedrejamento, notem que as vozes são conhecidas, encontramos as vozes do Kiko e Professor Girafales.





Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado
(Terry Gilliam e Terry Jones, 1975)

Essa é uma das cenas hilárias, além das citadas anteriormente. Este é o momento onde o Rei Arthur em busca de seus cavaleiros encontra o "terrível" Cavaleiro Negro.


Monty Python - O Sentido da Vida
(Terry Jones e Terry Gilliam, 1983)



Em “O Sentido da Vida” o filme narra sarcasticamente todas as etapas da vida, do nascimento até a morte. Há também algumas sátiras escatológicas, fazendo piadas sobre sexo e vômitos (Quem assistiu com certeza se lembra da famosa cena do gordo). Porém o ponto crucial é uma discussão sobre a natalidade diante das opiniões (leia-se imposições) religiosas. Surge um paralelo cômico entre Cristãos e Protestantes, onde os seguidores da doutrina cristã são mais rígidos e contra o uso da camisinha. É claro que isso em 1983, agora o Papa Bento “Hannibal” XVI  liberou uso, só não para aqueles que dão uma de Ronaldo "fenômeno", afim de "namorar" um Richarlyson atrás do muro. Nesta idéia de que todo o sêmen é sagrado, independente da taxa de natalidade, surge a bela canção “Every sperm is sacred”



A Piada Mais Engraçada do Mundo
(série: Monty Pythons Flying Circus, 1969)


E por ultimo, porém, não menos importante o sketch “A Piada Mais Engraçada do Mundo” do programa “Monty Pythons Flying Circus” que deu origem as idéias e filmografias do grupo Monty Python. Esse sketch satiriza a Segunda Guerra Mundial e Adolf Hitler.

 


Monty Pythons Flying Circus

No período em que escrevia este artigo encontrei as 4 temporadas da série exibida pela BBC - Monty Pythons Flying Circus. Assisti a primeira temporada. Algumas piadas são de época, outras com um nível de cultura e intelectualidade incomum e muitas cenas satíricas no caminho do sketch “A Piada Mais Engraçada do Mundo”. Para quem já conhece Monty Python recomendo para conhecer a origem da coisa. Para aqueles que não, recomendo que vejam a forma mais polida das idéias nos filmes citados anteriormente.

Bom divertimento! 




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 Todas as temporadas de Monty Pythons Flying Circus
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