sábado, 9 de junho de 2018

REVENGE (2018) Dir. Coralie Fargeat



Revenge (br: Vingança) é um longa francês e também a obra de estréia da diretora Coralie Fargeat. A trama narra a história de Jen, uma riquinha americana que tem um relacionamento secreto com o milionário francês Richard. Ambos voam de helicóptero para casa isolada de Richard que se situa no meio de um grande deserto. Inesperadamente, Stan e Dimitri, amigos de caça do milionário, chegam um dia mais cedo, decepcionando Richard, que esperava manter Jen em segredo. O erotismo e a beleza da jovem atraem os olhares dos amigos inconvenientes. Principalmente Stan, que na primeira oportunidade se aproxima da jovem. A moça acaba sendo violentada. Richard ao ter conhecimento do fato acaba sendo conivente com os amigos de caça. As coisas vão além de seus limites e a moça é abandonada para morrer.

O QUE ESPERAR DA VINGANÇA?

CORALIE FARGEAT
Revenge não é um filme nenhum pouco original no quesito ‘a trama que a obra nos traz’. Ou seja, a proposta da história já foi vista em muitos outros filmes anteriores sobre Vingança Feminina. Desde os mais populares como Atração Fatal (1987) de Adrian Lyne e Thelma e Louise (1991) de Ridley Scott. Como o clássico indiscutível Carrie, A Estranha (1976) do Brian De Palma. Sem contar os queridinhos do Tarantino À Prova de Morte (2005) e Kill Bill, Volume I e II. Mas não podemos deixar de lado a menção honrosa aos seus antecessores:  Hanyo, a Empregada (1960) -Direção: Kim Ki-Young, A Noiva Estava de Preto (1968) -Direção: François Truffaut, As Diabólicas (1955) - Direção: Henri-Georges Clouzot. E a obra que considero a "mãe dos filmes de vingança feminina" como aquele contexto “sangue no zóio” que é o indiscutível “I Spit on Your Grave” (1978) do diretor Meir Zarchi.

Mas o que difere Revenge dos outros filmes? A maioria dos filmes sobre vingança feminina tiveram sempre o olhar masculino sobre esse contexto. Digo a maioria, pois existem muitas diretoras mulheres que estão trilhando a cena mais extrema do cinema, contribuindo com criatividade e novo vigor aos temas e gêneros que parecem saturados. Uma dessas debutantes é justamente Coralie Fargeat.  Seu filme não é apenas mais uma obra vazia que traz meras referências aos filmes sex exploitation e gore. Coralie traz um discurso, mesmo que sútil, porem evidente, sobre a misoginia. Sobre a objetificação feminina e com as mulheres são descartáveis. Esse perspectiva fica mais evidente na seguinte fala do personagem Richard: 
“E você pensou que poderia ganhar? Contra mim? O único momento em que isso foi possível. Foi quando te ofereci para sair sem resistir. Mas você teve que tornar isso uma luta. As mulheres sempre têm que tornar isso uma porra de uma luta.”



Como dito anteriormente. Em quesito de trama o filme não é nada original. O grande diferencial da obra é a narrativa. Mas referente as suas inspirações a diretora jamais negou sua grande influência e homenagem ao clássico  I Spit on Your Grave, 1978 do diretor Meir Zarchi

Mas isso não torna o filme seja ruim. Longe disso, o filme se faz sincero naquilo que promete. É como ouvir AC/DC. Seja o álbum “High Voltage” de 1976 ou “Rock or Bust” de 2015, você sabe o que vai ouvir. É algo muito bom, com energia, mas nada diferente do que você já ouviu. Você sabe o que esperar. Revenge segue a mesma premissa: A clássica história da garota que vai até as últimas consequências para se vingar dos seus malfeitores. Direto, franco e sincero. 



O que torna “Revenge” especial, entre outras produções do estilo, são as escolhas estéticas e como o uso do ambiente e das cores tornam a narrativa mais fluente que os clichês do gênero tem apresentado

A forma como é construída os planos, a linguagem cinematográfica de extrema qualidade e o cuidado incluindo travellings, closes, belos plano-sequenciais tornam a narrativa singular. O take que me deixou mais curioso foi a cena das gotas de sangue que caem sob a formiga no solo árido e arenoso do deserto. A forma como o sangue espesso torna a areia fina em uma armadilha que aprisiona a formiga. Dificultando seus passos, aguçando o extinto de sobrevivência do inseto que se debate em angústia ansiando sobreviver. No entanto, a origem de tais gotas que estão em um plano extremamente fechado, o oposto delas, também narram uma cena de sobrevivência e morte. Com certeza quando você assistir esse trecho irá se lembrar desse trecho do artigo.

 



Mas não se engane. Todas as cenas são brutas e densas, mas no limite da sensibilidade e realidade que ela se propõe. Sem desafiar a física ou a nossa própria inteligência. Prepare-se para muito sangue e fraturas sem censura. Não me refiro coisas trasheiras ou podreira de filmes B. São efeitos visuais convincentes que compõem a narrativa de uma obra feminina que entra para cenário do Novo Cinema Francês Extremo (New French Extremity). Revenge não é um filme fantástico, mas é um bom filme e acima de tudo sincero. 

Particularmente eu esperava uma crítica feminina “mais espartana” sobre o assunto. Mesmo assim Coralie Fargeat se saiu muito bem em seu primeiro filme. Que venham os próximos!

FICHA TECNICA

Gênero: Thriller, Ação
Ano: 2018
Minha Nota: 6,8
Origem: França
Trailer: [Aqui]

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