sexta-feira, 8 de junho de 2018

THE PLACE (2017) Dir. Paolo Genovese


O site filmow define o filme da seguinte forma: “Um homem misterioso senta-se à mesa de um restaurante, onde um grupo de pessoas busca o sucesso. Ele sempre fica na mesma mesa do restaurante, pronto para atender os maiores desejos de oito visitantes em troca de tarefas a serem executadas.” Depois que assisti ao filme, julguei a sinopse muito simplista. O filme é muito mais magnífico e interessante do que como a sinopse apresenta. O filme evoca elementos que são a alma da sétima arte: um grande roteiro, atores sensacionais, diálogos interessantes e uma trama envolvente.

THE PLACE E O CINEMA ITALIANO

Apesar do título em inglês o filme é de origem italiana. Mas por que o filme não tem o título em italiano? E isso é muito simples de se explicar. O cinema italiano, assim como alguns de seus cineastas, carregam em sua narrativa fortes referências culturais. Dificultando que alguns filmes tenha um expoente além de suas próprias fronteiras ou festivais específicos. 

Que fique bem claro, referências culturais jamais tornará um filme ruim. No entanto, não é algo que irá agradar a todos os públicos, principalmente aos olhos das distribuidoras. O que é compreensível e ao mesmo tempo uma tolice. Já que a beleza do cinema realmente é essa, trazer-nos várias perspectivas, experiências, emoções, alegrias e reflexões. O cinema, assim como a música, é uma linguagem universal. Mas devido a nossa constante exposição as narrativas hollywoodianas acabamos nos tornando condicionados a um único tipo de “modo de contar histórias”.



Por essa razão grandes filmes europeus ou orientais acabam caindo na terrível máquina da indústria americana de fazer remakes. Já foram desfigurados por essa máquina obras sensacionais como o filme sul coreano “Oldboy (2003)” do diretor Park Chan-Wook que nada se compara ao remake lançado em 2013 ou o filme sueco “Deixe ela entrar” (Låt Den Rätte Komma In) de 2008 do diretor Tomas Alfredson. Ambos são magníficos em seu modo "in natura". Mas a industria sempre vê as coisas de forma diferente. Os diretores acabam embarcando nessa, pois desejam reconhecimento de uma forma ou de outra.

Por essa razão o título em inglês foi uma “jogada” do diretor Paolo Genovese para atingir um grande público. O filme é falado todo em italiano, mas não há referências culturais tão especificas que possam trazer distanciamento da compreensão da obra como um todo. Muito pelo contrário, assim como os personagens e as histórias narradas, trazem a nós conflitos plenamente humanos. E isso praticamente nos transporta para dentro da história.

Podemos dizer Paolo Genovese não é um jovem diretor. Há em sua filmografia o número total de 11 filmes. Sendo as mais relevantes Immaturi (2011), Una famiglia perfetta (2012), Tutta colpa di Freud (2014) e Sei mai stata sulla luna? (2015). Mas foi em 2016 com “Perfect Strangers” (filme italiano, mas título em inglês) que ele ganhou o prêmio de melhor roteiro em um longa-metragem, tendo visibilidade no internacional no Tribeca Film Festival e foi premiado como melhor filme no David di Donatello Awards. É claro não foi o título em inglês que trouxe esse mérito, mas sim a maturidade profissional do diretor. 

O FILME

The Place é um daqueles filmes que provam do que realmente a sétima arte é feita. Roteiro sensacional, grandes atores que te envolvem no contexto. Tudo isso somado a uma direção magnifica e diálogos sensacionais que nos fazem pensar o que compõe a tal “essência humana”. O filme é tão bom que você se envolve na narrativa, esquece que são atores diante de você, esquece que todo o filme se passa no mesmo lugar.  Isso mesmo, “The Place” é o nome do restaurante aonde toda história acontece. No canto há um homem concentrado em seu dever diário: receber as pessoas a qual ele nunca convidou. Misterioso, porém, sem ser soturno ele recebesse a todos que precisem de suas “soluções”. Atento a cada detalhe, seu prazer é conhecer os detalhes das histórias narradas por seus clientes. Detalhes que ele anota com a máxima precisão em um livro já muito escrito a tinta e mãos. Quando o cliente expressa o seu desejo íntimo a ser realizado, o misterioso homem analisa seu livro e lhe dá uma tarefa a ser realizada para que se alcance aquilo que desejou.





As tarefas as serem realizadas para terem seus desejos alcançados são as mais diversas, desde ajudar velinhas a atravessar a rua até violentar uma mulher ou assassinar uma criança. Mas que fique bem claro, todos podem desistir de suas tarefas, desde que desistam dos seus desejos. Como o ego é maior que a consciência a maioria de seus clientes, mesmo ultrajados a malevolência das tarefas a serem realizadas, jamais desistem de seus desejos. E todos os desejos, de uma forma ou outra, são realizados. É nesse aspecto que o filme te pega pela mão e faz um passeio contigo nas diversas nuances da natureza humana. Mesmo não vendo as histórias narradas dos feitos realizados pelos clientes do homem misterioso, inevitavelmente participamos de todas elas, podemos vê-las em detalhes em nossa imaginação com o poder da narrativa. O Plot Twist** não é saber que há conexão entre as histórias, mas é tentar desvendar quem é o sujeito misterioso e qual é o resultado de todas as histórias juntas. E se tudo isso não lhe convenceu, terminamos com esse diálogo:
"Por que você pede coisas tão horríveis?Porque há pessoas dispostas a aceitá-las."

FICHA TÉCNICA

Gênero: Drama, Suspense
Ano: 2017
Minha Nota:9,0
Origem: Itália
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